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ORGANISMO E ORGANIZAÇÃO

Criado por Weliton Sales do Nascimento Em Artigos 24 Mar 2025
Há certo tipo de essencialidade na organização. O mundo é organizado, e este fato dá voz à moderna expressão dos estudos em Teologia Natural conhecida como Design da Criação ou Design Inteligente.
Nas reflexões da Eclesiologia, ao que se percebe, nas imagens da igreja, existe um fator em comum: o princípio da organização e da funcionalidade. A imagem do corpo aplicada à igreja é o ponto máximo da expressão do equilíbrio entre o místico, organizacional e o funcional.
É nesse sentido que Dewey M. Mulholland em “_Teologia da Igreja: uma igreja segundo os propósitos de Deus_” considera o seguinte:

Mesmo que a igreja seja um organismo, o corpo de Cristo, ela precisa de estrutura. A vida sem forma ou estrutura não consegue se sustentar. U m edifício não consegue ficar em pé sem colunas, alicerces, enfim, sem estrutura. A mesma coisa acontece com as igrejas; elas necessitam de um modus operandi (DEWEY, 2004, 192)

Para além da consideração da “natureza” organizacional da Igreja, no sentido de observar a necessidade do equilíbrio entre o místico e o físico pela imagem do Corpo, o quesito funcionalidade; operação, traz a necessidade de relacionarmos esta funcionalidade organizada à pessoa do Espírito Santo.
É o Espírito quem usa a Igreja habilitando-a ao cumprimento de suas tarefas. Em vista disso, cabe a seguinte pergunta: Apenas a natureza mística da Igreja se relacionaria de maneira funcional com as demandas culturais, políticas e religiosas do mundo? Seria capaz de dar respostas à comunidade em que se insere? Teria uma voz identificada e una? Certamente, não.
Esta parece ser uma realidade encarada pela Igreja primitiva. Sobre este fato, tem-se o que observa Michael L. Dusing na “Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal”, obra editada por Stanley M. Horton:

O exame da Igreja do Novo Testamento revelará certamente aspectos que favorecem o conceito de "organismo". A Igreja era dinâmica e desfrutava da liberdade e do entusiasmo de ser dirigida pelo Espírito. Por outro lado, o mesmo exame revelará que a Igreja, desde o seu início, operava com certo grau de estrutura operacional (DUSING, 1996, p. 557).

Dusing observa certo tipo de dinâmica e liberdade da Igreja protagonizada pelo Espírito, mas ao lado disso, a existência da organização funcional que ele chama de “estrutura operacional”.  E, sobre a necessidade do corpo místico se “manifestar” no tempo a fim de que seja operacional, para usar o adjetivo da Dusing, Dewey, faz a seguinte observação:

Uma estrutura, de qualquer maneira, se faz necessária para uma igreja sobreviver e servir os seus membros e o mundo em volta. Ela expressa suas funções no tempo e no espaço por meio de recursos visíveis e formas padronizadas (DEWEY, 2004, p. 191. 192).

Esta maneira de observar a relação entre Organismo e Organização tem a tendência de arrefecer a tensão histórica entre grupos que supervalorizam a essência ou a organização. Para além disto, considera-se o fato de a Bíblia silenciar a respeito da apresentação de um modelo de organização eclesiástica, mas expressar princípios que devem reger a comunidade cristã e a realização de suas tarefas.
O que, por assim dizer, é coerente com a diversidade cultural com a qual a Igreja terá contato no fazer missionário. A rigidez de um mandamento de estrutura organizacional sacra prestaria o serviço da inviabilidade de expressão do Evangelho em diferentes contextos.  Para a ausência de uma expressão bíblica de estrutura organizacional tem-se a valorização do princípio da comunhão observado por Dewey:

Eis a norma final: a forma de governo é boa ou má à medida que promove ou prejudica a comunhão. Poucas regras facilitam a anarquia. Regras em excesso promovem a tirania. Em ambos os casos, a comunhão é frustrada (DEWEY, 2004, p. 192).

Por fim, considera-se a necessidade da manutenção do princípio da comunhão, bem como a clareza das tarefas do corpo místico e a necessidade da relação entre o místico e o físico por meio da organização.

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